Tive de ir ao Tojeiro esta semana. Para peças para o termoacumulador. Provavelmente não fazem ideia onde está o Tojeiro, caros leitores, mas o melhor é que eu também não. A senhora da loja enviou-me muito gentilmente um link para que eu soubesse o caminho.
E assim não dependia da sinalização
Toda a gente conhece a realidade: a sinalização não significa grande coisa. Está aí, não está, de repente aparecem outros nomes nos sinais, e na cidade de Coimbra querem que acredites que os veados podem saltar mesmo à frente do teu carro. Engraçadinho.
Infelizmente, não sou muito bom ao telefone. Ligo e mando whatsapp com ele. É isso. Se preciso de procurar alguma coisa, faço-o no portátil, porque está sempre por perto, e acho isso muito mais conveniente do que estar a mexer naquele pequeno ecrã.
Penso que isso é uma vantagem para mim: menos tempo de ecrã, menos dependência, menos dopamina, menos perigo de pescoço de peru. Neste caso, foi claramente em minha desvantagem. Agora ela tinha enviado um mapa e um link para o Google maps, para que eu pudesse ampliá-lo e ver exatamente para onde deveria ir.
Não tenho uma senhora digital que lhe diga onde ir, porque quando tenho de ir a algum lado normalmente conheço a situação lá. Caso contrário, vejo os mapas do Google com antecedência e aponto algo, se necessário.
Mas desta vez fui um pouco mais ambiciosa, pois adoro combinar. A loja de peças não fica muito longe da fábrica de azulejos onde fazem uma bela colecção de azulejos coloridos, um dos poucos que restam, e não fica muito longe de Tentúgal onde vive a minha amiga Paula.
Uma bela rodada, pensei, otimista como sou. Vamos!
O caminho para o Tojeiro não foi assim tão difícil, sobretudo porque tinha imprimido os mapas à moda antiga. Agora tenho uma desvantagem extra: os meus óculos para conduzir são diferentes dos meus óculos para ler. Antes de poder ver qualquer coisa no telefone ou no mapa, primeiro preciso de colocar os meus óculos de leitura. Mas não posso conduzir com eles. Para conduzir, uso óculos de sol para ver ao longe.
Apenas duas vezes erradas, e percebi isso a tempo. Mantém-nos ocupados durante algum tempo, e perdi algum tempo a verificar a rota no computador em casa e a imprimir estes mapas, por isso cheguei lá por volta do meio-dia. Em Portugal, isto significa que temos um dilema. Assim, pode realmente apressar-se para chegar ao seu próximo destino antes do almoço, ou pode ir com calma e aceitar que será depois do almoço.
A hora do almoço é sagrada aqui. Não pode realmente ir a lado nenhum, exceto a um restaurante. Corri primeiro, mas quando verifiquei o mapa após quinze minutos, e percebi que estava a acelerar na direção errada como um idiota, aceitei os factos. A fábrica de azulejos seria depois do almoço. Sorte para a Mira. Fomos dar um passeio na floresta.
Fiquei seriamente surpreendido com a sinalização
Mesmo nas estradas de média dimensão é terrível. Por vezes é preciso dar duas voltas a uma rotunda para saber exatamente para onde ir, e na rotunda seguinte todos os nomes que se procuram desaparecem. De qualquer forma, só tive de voltar algumas vezes, e no posto de abastecimento da primeira zona industrial mostraram-me muito gentilmente como chegar à zona industrial certa.
A senhora da fábrica Ceragni foi muito cooperante e simpática, mas como tinham acabado de reiniciar a produção depois das férias, não havia azulejos para levar. “Se voltar daqui a uma ou duas semanas, temos azulejos e muitos azulejos partidos, que pode levar de graça.”
(Será que têm trabalhadores tão desajeitados? pensei, mas não me vão ouvir falar disto, claro!) Boas notícias, porque os azulejos coloridos estão completamente fora de moda. É cinzento, preto, bege ou marmoreado em todo o lado, e como mosaicista não se fica muito entusiasmado com isso.
O design de interiores também perdeu completamente o rumo, se me perguntarem, mas epa, o que se pode fazer
A partir daí foi sempre a descer. E a subir também, aliás. Acabei no caminho errado, para Coimbra, e pensei que estava a ser esperto – que poderia tomar o caminho mais curto para Tentúgal em Trouxemil. que ingenuidade pensar isto. Se já tem queixas sobre a sinalização nas estradas N, então pode divertir-se muito na categoria abaixo.
Vi muitas aldeias cujos nomes já nem me recordo, percorri muitas ruas estreitas, subindo e descendo colinas. Quando pede informações a um peão perdido, ele olha para si como se fosse um viajante do tempo que acabou de chegar de 1900. Até conduzi em contramão durante um curto período! Não é claro como e para onde ir, se tiver de confiar na sinalização.
Levei bastante esforço para encontrar a estrada principal para Coimbra
Pronto, vou por Coimbra, pensei, e depois pela margem norte do rio… mas antes que me apercebesse tive de continuar para a margem sul do Mondego e fiquei preso num engarrafamento. A Câmara Municipal teve a ideia que em Agosto, mês de férias, seria boa ideia alcatroar todas as vias de acesso ao centro ao mesmo tempo.
O meu carro começou a sobreaquecer, o cão também, e eu também já não estava completamente fresca.
Na segunda tentativa de entrar na A-14 em direcção à Figueira da Foz, na margem norte do rio, e acabei novamente pela estrada N em direcção ao Porto, comecei a desistir. A Paula ligou: “Como estás, há alguma coisa errada, ainda vens?” Tinha combinado à portuguesa: “Estarei aí depois do almoço” – mas quando chega perto das cinco, mesmo para os portugueses isso torna-se demais.
Isto era claramente demasiado ambicioso, pelo menos sem GPS. Com uma senhora enlatada provavelmente teria resultado, mas com o meu jeito antiquado fica-se completamente perdido hoje em dia.
Talvez a sinalização seja coisa do passado?
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Nos mudámos em 2000 de Roterdão, Holanda para Termas-da-Azenha, Portugal. Uma mudança significante, especialmente com duas crianças pequenas. Estamos ocupados para reconstruir uma das heranças culturais portuguesas: Termas-da-Azenha, um antigo spa que foi transformado em várias casas de férias, quartos de hóspedes e dois terrenos para acampar, com muitas coisas divertidas para fazer.
Sala de convívio com jogos como pingpong, matraquilhos e bilhar, e uma coisa única no mundo: o Camarim.
Vai encontrar mosaicos e pinturas em todos os lugares.
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